#MulheresdeCoragem – a história de Maria Bonita

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A homenageada de hoje, na série #MulheresdeCoragem, é uma mulher tão “arretada’’ que nasceu no dia 8 de março! Maria Bonita foi a primeira figura feminina a participar de um grupo de cangaceiros. No Dia Internacional da Mulher completam-se 107 anos de nascimento desta heroína.

De família humilde, Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, nasceu em 1911, na comunidade rural de Malhadas da Caiçara, na antiga cidade de Glória, hoje o município de Paulo Afonso, na Bahia. Casou-se muito nova, aos 15 anos, com o sapateiro José Miguel da Silva. O casamento não deu certo, e em uma das brigas Maria Bonita retornou para a casa dos pais. Na ocasião, conheceu o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião. A partir daí, a vida desta nordestina mudaria para sempre e daria início ao casal mais conhecido do cangaço baiano.

Em 1930, Maria Bonita entrou para o bando de Lampião, tornando-se a “Rainha do Cangaço’’. Até então, a participação de mulheres não era permitida. Sua presença tornou-se um dos feitos mais importantes para a valorização da figura feminina na luta por ideais. Com o ingresso de Maria Bonita no bando, as demais companheiras dos cangaceiros passaram a integrar o grupo. Liderada pela Rainha do Cangaço, as mulheres começaram a implementar costumes e tradições no dia a dia do bando. Sempre muito bem trajada, com as famosas vestes do cangaço, Maria Bonita era retratada nas fotografias com grande destaque. Apesar do semblante sério nos retratos, a heroína do sertão posava com elegância.

Maria Bonita fez parte do cangaço por oito anos. A figura do cangaceiro gerou diversas controvérsias ao longo dos anos. Mas, o bando liderado por Lampião, sempre acompanhado da sua Rainha do Cangaço, era respeitado nas zonas mais pobres do sertão. Era por eles que Virgulino e os demais lutavam por justiça social e contra os desmandos dos coronéis.

No dia 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos, em Sergipe, o bando foi surpreendido e atacado pela “volante”, forças especiais que combatiam os cangaceiros naquela época. Nove cangaceiros, sem condições de fuga, foram mortos e decapitados. Maria Bonita foi degolada viva por um integrante da força especial. As cabeças foram expostas em diversos locais da cidade como forma brutal de “dar exemplo” àqueles que ousassem ir de encontro com as autoridades. Uma foto histórica e emblemática foi tirada nas escadarias da Prefeitura de Piranhas, Alagoas, um dos locais onde as cabeças foram exibidas. Durante muitos anos, a cabeça de Maria Bonita esteve em exposição no museu do Instituto Médico Legal em Salvador. Símbolo de bravura, a história desta heroína nordestina foi inspiração para música, poema, literatura de cordel e vestimentas.