Trabalhadora rural, destemida, guerreira, símbolo da luta pelos direitos dos agricultores e agricultoras rurais no Brasil. Assim pode ser descrita Margarida Maria Alves, a líder sindical que foi assassinada na porta da própria casa, na frente do marido e do filho, por um pistoleiro na sua cidade natal, Alagoa Grande, no Brejo Paraibano.
Filha de pais camponeses, Margarida Maria Alves nasceu no dia 5 de agosto de 1933. Desde muito nova começou a trabalhar no campo para ajudar a família. Sensível à situação dos trabalhadores rurais, começou a atuar como defensora dos direitos trabalhistas no campo. Foi eleita a primeira mulher presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, tendo sido responsável por mais de 100 causas trabalhistas na justiça do trabalho local. Ocupou a presidência do sindicato por 12 anos, até o dia da sua morte. Usineiros de Alagoa Grande, que integravam o Grupo da Várzea, foram acusados de encomendarem a morte da sindicalista.
Combatente, Margarida Maria Alves proferiu um discurso histórico no ano em que foi morta. Durante as comemorações do Dia do Trabalho, a líder campesina declarou: “É melhor morrer na luta que morrer de fome”, demonstrando o quanto a sua vida estava entrelaçada com os direitos dos trabalhadores rurais. Ao longo de sua jornada, Margarida lutava pelo registro de carteira de trabalho dos trabalhadores rurais, a jornada de 8 horas, férias, 13º salário, entre outros direitos trabalhistas.
Com o seu assassinato, no dia 12 de agosto de 1983, a história de Margarida Maria Alves ganhou mais força e notoriedade. A data da sua morte tornou-se o Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e pela Reforma Agrária. Seu nome batiza a maior mobilização de mulheres rurais da América Latina, a Marcha das Margaridas. A mobilização reúne milhares de trabalhadoras rurais em Brasília para reivindicar melhores condições de vida no campo e mais igualdade de direitos. E em 1988, recebeu, postumamente, o Prêmio Pax Christi Internacional.
Assim a história de luta desta #MulherdeCoragem continua a inspirar diversos agricultores e agricultoras a batalharem pelos seus direitos até hoje.