Zé Raimundo indica honraria ao historiador João José Reis

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O historiador João José Reis deverá ser homenageado pela Assembleia Legislativa com a Comenda 2 de Julho. O projeto de resolução que propõe a concessão da honraria é de autoria do deputado Zé Raimundo Fontes (PT), que destaca ser o professor um dos mais respeitados historiadores brasileiros, reconhecido internacionalmente como docente e pesquisador de História Moderna e Contemporânea, especialmente na abordagem de temas relativos à escravidão.

Ele integra a uma geração que, a partir dos anos 1970, “revolucionou a historiografia brasileira em vários aspectos”, introduzindo novos temas e fundamentos metodológicos, possibilitando que “o nosso passado pudesse ser revisto na perspectiva de uma história plural, diversa e recortada sob o prisma dos grupos subalternizados”, especialmente da população escravizada, destacou o autor da proposição.

Na Bahia, o professor João Reis “compôs uma plêiade” de jovens intelectuais que deram seguimento e consolidaram os caminhos abertos nos estudos históricos pelos grandes mestres Luís Henrique, Cid Texeira, Istvan Jancsó, Johildo Athayde e Katia Mattoso.

Nascido em Salvador, em 24 de junho de 1952, João José Reis possui graduação em História pela Universidade Católica do Salvador (1974). Obteve título de Mestre em História (1977) e Doutor em História (1982) pela Universidade de Minnesota nos Estados Unidos. Foi professor Titular do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia, dedicando-se à investigação na área de História do Brasil Império e de História Atlântica, pesquisando, entre outros, os seguintes temas: história social e cultural da África, da escravidão e do tráfico; resistência escrava; movimentos sociais e atitudes diante da morte.

Foi membro do Comitê Assessor de História do CNPq, instituição na qual se destaca como bolsista de produtividade em pesquisa em nível 1A. Também exerceu a docência, como professor visitante, nas universidades de Michigan (Ann Arbor), Princeton, Brandeis, Texas (Austin), Harvard e na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Foi, ainda, pesquisador visitante na Universidade de Londres; Center for Advanced Studies in the Behavioral Sciences (Stanford); National Humanities Center (Research Triangle NC); Harvard University e Humboldt Universität (Berlim).

Durante sua trajetória acadêmica, o professor João Reis recebeu diversos prêmios e distinções, como a Comenda do Mérito Científico do Ministério da Ciência e Tecnologia, nas classes de Comendador (2004) e Grã Cruz (2010) e é Membro Honorário Estrangeiro Vitalício da American Historical Association.

Seu livro A morte é uma festa recebeu o Prêmio Jabuti de Melhor Obra, categoria Ensaio, em 1992, e o Prêmio Haring, da American Historical Association, em 1997. Outro título de sua autoria, O Alufá Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico negro (em coautoria com Flávio Gomes e Marcus Carvalho), ganhou o Prêmio Casa de Las Américas (Cuba), categoria Literatura Brasileira, em 2012, e foi traduzido para o espanhol. Também participou de coletâneas ganhadoras dos prêmios Jabuti e Manoel Bonfim.

Em 2014, recebeu o Prêmio Conjunto de Obras da Academia de Letras da Bahia; em 2017, o Prêmio Machado de Assis pelo Conjunto das Obras da Academia Brasileira de Letras. Quatro de seus livros foram publicados em inglês: Slave Rebellion in Brazil; Death is a Festival; Divining Slavery and Freedom e The Story of Rufino, em coautoria com Flávio Gomes e Marcus Carvalho.

Ao homenagear o professor, o petista Zé Raimundo Fontes acreditar estar expressando o desejo de muitos ex-alunos, orientandos, amigos e colegas, além de demonstrar “reconhecimento e admiração por um intelectual e cidadão que faz da construção do saber histórico uma ferramenta simbólica e um compromisso permanente em prol do desenvolvimento sociocultural e científico do nosso país e do nosso Estado”.

Diário Oficial da Alba