Jacó aplaude os 27 anos do Concurso Miss Brasil Gay Versão Bahia

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O deputado Jacó Lula da Silva (PT) inseriu, na ata dos trabalhos da Assembleia Legislativa, uma moção de aplausos pelos 27 anos do Concurso Miss Brasil Gay Versão Bahia, organizado e apresentado pelo ator transformista Bagageryer Spilberg, carinhosamente chamado de Baga. Ao justificar o documento, o petista lembra que o ator transformista André Luís, que dá vida a Baga, é o responsável pela realização de todas as etapas do segundo concurso mais antigo do país.

Todos os anos, explica o parlamentar, jovens de todos os estados do Brasil vêm à Bahia em busca desse tão sonhado título de beleza. Ele informa que o concurso teve suas atividades interrompidas em 2020 e 2021 por conta da pandemia e dos protocolos necessários para o combate e prevenção ao novo coronavírus. Jacó considera que o certame tem uma importante contribuição histórica, cultural e social para a comunidade LGBTQIA+ por estar entre as movimentações culturais da segunda metade do século XX que “lutaram contra a estigmatização da comunidade, que era taxada por atitudes pecaminosas, por supostos desvios de conduta ou mesmo patológicas”.

Segundo o presidente do Colegiado de Direitos Humanos e Segurança Pública da ALBA, desde 1995 o concurso vem possibilitando, através da arte, a promoção às cidadanias historicamente negadas e a oportunidade de estabelecer um diálogo mais aproximado com o Estado. A primeira Miss do Concurso Gay Versão Bahia foi a baiana Jessica Bhender, sendo que atualmente a coroa está nas mãos da cearense Brena Matos. O legislador elogia a luta do ator transformista, que se mantém na resistência da organização do concurso, apesar das dificuldades de estrutura e logística, bem como da ausência de fomento com incentivos públicos.

O deputado está preocupado com os rumos do projeto tocado pelo ator, que vem contando com o apoio de amigos e profissionais que acreditam na iniciativa, incentivando com doações financeiras ou mesmo ajudando gratuitamente na mão de obra. Ele ressalta ainda o aumento do uso das artes e expressões culturais por pessoas LGBT. Artistas locais e nacionais, das artes transformistas ou da performance, da música, da dança ou do teatro, do cinema, das artes plásticas e visuais e tantas outras linguagens, têm, segundo Jacó, tensionado a novas reflexões na sociedade em geral.

Dentre essas figuras, o parlamentar destaca Pablo Vittar e Glória Groove, artistas drags que compõem e cantam; Hiran, rapper gay e negro da cidade de Alagoinhas-BA; Majur, pessoa não binária, compositora e cantora soteropolitana; Márcia Castro, cantora e compositora lésbica baiana, além de inúmeras outras pessoas. Todas elas, reitera, “são parte de uma geração que encontrou na arte e na cultura um refúgio fundamental para fortalecer processos individuais e coletivos de reconhecimento e afirmação cidadã”.

Nascido no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, o ator André Luís se transformou em Bagageryer Spilberg há mais de três décadas. O nome artístico nasceu quando André passeava pelo antigo Shopping Iguatemi, em 1985, em alusão a uma loja que vendia peças de roupa masculina e feminina denominada Bagagerie. Desde então, ele passou a dublar canções da cantora Alcione, Shirley Bassey e Maria Bethânia, sua maior referência.

Aos 55 anos, André acumula experiência de apresentações em teatros e como mestre de cerimônias. Todos os sábados, Baga se apresenta no clube masculino Planetário 11, no Tororó, faz eventos fechados, aniversários, despedidas de solteiro e shows para senhoras da Melhor Idade. “A Bahia tem muito orgulho da história do Miss Brasil Gay Versão Bahia. Vida longa a Bagageryer Spilberg (Baga) e à arte transformista da Bahia e do Brasil!”, finalizou o deputado Jacó.

 

Diário Oficial da Alba