FAO confirma: sob Bolsonaro, Brasil está de volta ao Mapa da Fome

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O desmonte de políticas públicas que nortearam ações de combate à fome nos governos do PT, responsáveis pela saída do Brasil do Mapa da Fome em 2014, trouxe consequências trágicas ao país. A destruição do tecido social brasileiro operada por Jair Bolsonaro nos últimos anos empurrou o país de volta para a lista de países cuja população sofre com insegurança alimentar moderada e grave. A confirmação foi dada nesta quarta-feira (6) pela Organização Mundial das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O relatório que mede estado da insegurança alimentar no mundo aponta que o Brasil tem pelo menos 61 milhões de pessoas com insegurança alimentar, grave ou moderada, o que significa que três em cada dez brasileiros passam fome.

 

O levantamento da FAO considera o período entre 2019 e 2021. Segundo a agência da ONU, do total, 15,4 milhões estão na categoria “grave” e passam fome. O desastre do desgoverno Bolsonaro foi tão profundo que o quadro no país já é mais grave do que a média mundial. Enquanto no planeta a insegurança alimentar atinge 28,1% da população, no Brasil, o índice bateu 28,9%. De acordo com a FAO, em 2021, 823 milhões de pessoas passaram fome no mundo.

 

“É vergonhoso ver o Brasil voltar ao Mapa da Fome”, protestou o ex-presidente Lula, na manhã desta quinta-feira (7), pelo Twitter. “Foi um grande trabalho da sociedade brasileira para tirarmos o país desse índice, e vamos ter que trabalhar de novo, juntos, para não termos mais pessoas sofrendo com fome e pobreza”, destacou Lula.

 

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Os números do Brasil inclusive contribuíram para que a América do Sul tivesse uma piora nos indicadores. “A insegurança alimentar também continuou a piorar na América Latina e no Caribe, impulsionada em grande parte pela América do Sul, embora a deterioração tenha diminuído após um aumento relativamente acentuado da insegurança alimentar em 2020”, diz um trecho do relatório da FAO.

“O número de pessoas em insegurança alimentar na região sugere que o problema não se limita mais aos grupos sociais que vivem na pobreza há muito tempo; a insegurança alimentar já atingiu as cidades e dezenas de milhares de famílias que não a vivenciavam antes”, confirmou o representante Regional da agência, Julio Berdegué.

 

Desmentindo fake news bolsonarista

Desmentindo a fake news bolsonarista de que a pandemia é a única responsável pelo quadro de penúria social atual, o diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU no Brasil, Daniel Balaban, confirmou que o país já caminhava para o Mapa da Fome antes da crise sanitária, argumento também defendido pela ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.

 

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“A pandemia não é a maior culpada pelo Brasil estar de volta a esses números extremamente altos de pessoas com fome. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo”, atestou Balaban, em entrevista à Rede Globo. Para o diretor do PMA, é necessário que o país volte a investir em ações para reforçar a rede de proteção social e gerar renda para a população.

 

“Essa população precisa do apoio de políticas públicas para ser incluída na cidadania, incluída na sociedade”, insistiu Balaban. “Fazer com que as pessoas possam produzir, possam participar, colocar pequenos negócios, possam ter hoje uma formação educacional diferenciada, uma formação profissional diferenciada”, recomendou.

Critérios da FAO

Para aferir o estado da insegurança alimentar no mundo, a FAO utiliza dois critérios, a chamada insegurança moderada, que atinge pessoas que pulam refeições, cortam a ingestão de alimentos ou não sabem quando irão comer novamente.

 

O segundo critério é a manifestação da fome, muitas vezes em quadro crônico, condição que deixa as pessoas sem comer nada por um ou mais dias. Caso do Brasil de Bolsonaro onde, segundo a Rede Penssan, mais de 33 milhões de pessoas passam fome, números que remetem há 30 anos, quando, em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, iniciou uma grande campanha para vencer a fome. Feito que só foi conseguido de fato nove anos depois, quando Dilma era presidente.

 

Agência PT, com FAO e G1