Em 1997, o pataxó Galdino Jesus dos Santos viajou da Bahia até Brasília para participar das comemorações ao Dia do Índio. Hospedou-se numa pensão, chegou tarde para dormir, foi parar num ponto de ônibus, onde acabou morto, queimado vivo, por jovens de classe média alta. O episódio é lembrado por Fred, cacique da aldeia Mirapé, em Porto Seguro, e pesou na solicitação apresentada esta semana pelo deputado estadual Jacó (PT) ao governador Rui Costa: a implantação, em Salvador, da Casa de Apoio para os Indígenas da Bahia e espaço da cultura destes povos originários.
O pedido do deputado petista foi feito por meio de indicação encaminhada à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia e justificado em virtude da distância percorrida pelos indígenas, na maioria das vezes, até chegar à capital em busca da resolução de suas demandas, ficando muitas vezes expostos à insegurança das ruas e à violência.
Assessor do mandato do deputado Jacó e único indígena na atual legislatura da Alba, o cacique Fred diz que se preocupa com as “agressões psicológicas” e o estado de vulnerabilidade a que estão sujeitos seus “parentes” nas capitais brasileiras. Que faltam referências e um lugar para onde o indígena possa se recolher à noite, fazer sua higiene e também se reconhecer. “Um ponto de apoio ou alojamento pra gente fazer nossos rituais e nosso auê”, exemplifica.
Caso se torne realidade, a ideia é que a Casa de Apoio para os Indígenas da Bahia sirva não só como abrigo, mas também vitrine de divulgação da cultura indígena e exposição de seu artesanato e produtos naturais.
ASCOM Jacó