“A dívida não cresce pelo aumento das demandas sociais, mas pelo modelo da política monetária”. O favorecimento do mercado financeiro pelo governo brasileiro foi apontado por especialistas como o aspecto fundamental para o endividamento nacional, durante a audiência pública “A Dívida Pública Brasileira e a Reforma da Previdência”, nesta quarta-feira (04), na Comissão dos Direitos da Mulher da Alba.
“O discurso do governo federal, e que a imprensa passa, é sempre sobre o aumento da inflação. Mas a opção que se escolhe para conter a inflação é responsável pelo aumento exponencial da dívida pública: as taxas de juros”, denunciou a economista Priscila Martins, coordenadora do núcleo baiano da Auditoria Cidadã da Dívida. Para ela, a dívida pública tem vários aspectos praticados com mecanismos privados: “Ou seja, a dívida pública tem sido mais privada do que pública”.
Já o administrador Bernardo Cortizo, que também integra o movimento Auditoria Cidadã da Dívida, não existe teoria da conspiração, mas conspirações reais. “O sistema da dívida é mundial e um componente extremamente organizado. A chamada austeridade fiscal retira recursos do bem estar humano e transferem para o capital financeiro”, afirmou.
“Os banqueiros têm ficado com a maior fatia do orçamento público e isto é inaceitável. O povo, escolas, igrejas, todos precisam ter acesso a esse debate. No país, mais de 45% dos gastos são para pagar a dívida, enquanto Saúde e Educação, juntas, não passam de 5%”, indagou a deputada Luiza Maia (PT), presidente do colegiado organizador da audiência.
As emendas do governo Temer, na opinião de Denise Carneiro, da coordenação nacional da Auditoria Cidadã, querem tirar da Constituição Federal os direitos das mulheres e minorias para, livremente, destinarem dinheiro para o mercado financeiro. “É uma luta que ultrapassa a questão técnica. Afeta primeiro os direitos sociais”, declarou.