#MulheresdeCoragem: Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia

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No dia 13 de março de 1992, há exatos 26 anos, o Brasil perdia a benevolente ativista humanitária, filantrópica, dedicada e guerreira, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. O eterno Anjo Bom da Bahia, Irmã Dulce. Nesta justa homenagem da série #MulheresdeCoragem será ressaltado o precioso legado deixado pela beata, tanto para o catolicismo quanto para a medicina, a educação e a sociedade baiana.

Reconhecida pelo Vaticano como a Bem-Aventurada Dulce dos Pobres e Beata Dulce dos Pobres, a freira nasceu em 26 de maio de 1914. Desde pequena, acompanhada de sua irmã Dulcinha, Irmã Dulce já prestava assistência aos mais necessitados, acolhendo doentes na sua casa, que ficava no bairro de Nazaré, em Salvador. Naquela época a casa da beata era carinhosamente chamada de “A Portaria de São Francisco”. Ao mesmo tempo em que auxiliava os mais necessitados, também encontrava tempo para brincar e torcer por seu clube do coração: o aurinegro Esporte Clube Ypiranga.

Após se formar como professora, em 1933, Maria Rita manifestou o desejo que sempre a acompanhava: queria seguir a carreira religiosa. Após receber o hábito de freira no Convento de Nossa Senhora do Carmo, que fica na cidade histórica de São Cristovão – Sergipe, homenageou a mãe, passando a ser chamada de Irmã Dulce.

Sua trajetória teve prosseguimento com a criação do posto de saúde para operários, em 1936. Com a arrecadação de doações, criou com o Frei Hildebrando Kruthaup, o Cine Roma, o Cine Plataforma e o Cine São Caetano, além do Colégio Santo Antônio, inaugurado em 1939. Dez anos depois, em 1949, seu projeto mais audacioso foi iniciado, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), entidade situada no Largo de Roma que possui, nos dias de hoje, 17 núcleos no local atendendo gratuitamente 4,5 milhões de pessoas por ano através do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre outros espaços do complexo, estão a capelania, o memorial Irmã Dulce, inaugurado em 1993 que possui mais de 800 peças incluindo itens pessoais da freira que remontam sua trajetória, o Santuário Irmã Dulce, e a Capela das Relíquias, que dispõe dos restos mortais da beata. De acordo com a OSID, cerca de 20 mil pessoas visitam o espaço anualmente.

A utilização do local só foi possível devido a garra e persistência da freira, características marcantes de sua personalidade. Mesmo com problemas respiratórios e acompanhada de 70 enfermos e moradores de rua, ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio e os abrigou. Seu pioneirismo na criação de instituições filantrópicas foi reconhecido no Brasil e no mundo através de diversos prêmios e títulos, concedidos em diversas partes do país e do mundo. Hoje, fora de Salvador, a OSID administra espaços de saúde e educação em várias cidades da Bahia, como o Centro Educacional Santo Antônio (CESA), em Simões Filho e o Hospital do Oeste, que fica em Barreiras.

Seu notório trabalho em prol dos Direitos Humanos ainda serviu para, em 1980, ser parabenizada pelo Papa João Paulo II e em 1988 ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Em nova visita ao Brasil, o Papa João Paulo II a visitou no Convento Santo Antônio, meses antes de sua morte, aos 77 anos.

Em 2000, oito anos após a sua morte, foi iniciado o processo de beatificação. Somente em 2009, o Papa Bento XVI concedeu o título de venerável a Irmã Dulce, reconhecendo que a freira viveu, em grau heroico, as virtudes cristãs da fé, esperança e caridade. No ano de 2010, o Vaticano iniciou o processo de canonização, que permite o reconhecimento a qualquer graça ocorrida após o 11 de dezembro de 2010, abrindo possibilidade para uma possível santificação. Ao todo, três graças da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres estão sendo analisadas em graus técnicos, teológicos e espirituais na sede da Igreja Católica. Em 2014, foi instituído pelo então Governador na época, Jaques Wagner, que em todo 13 de agosto será comemorado o Dia Estadual em Memória a vida, obra e legado Irmã Dulce, patrimônio da Bahia, Brasil e de todo o mundo.