Em 25 de agosto de 1934, na tradicional cidade de Forquilhinha, Santa Catarina, nasceu a 13ª criança do casal Gabriel Arns e Helene Steiner, a pequena Zilda Arns. Aquela que se tornaria uma referência nacional e internacional no cuidado, educação e atenção de crianças e idosos. Zilda Arns é a homenageada de hoje na nossa série #MulheresdeCoragem.
Seu trabalho com crianças começou em 1953, quando iniciou o curso de medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Zilda escolheu a pediatria como especialização e durante os estágios cuidava de crianças menores de um ano. Formou-se em 1959, mas teve que dividir os seus projetos com a família, já que no mesmo ano casou-se com o marceneiro Aloísio Bruno Neumann, com quem teve seis filhos.
Zilda se especializou em saúde pública, pediatria e sanitarismo. Sua vida profissional começou no Hospital de Crianças César Pernetta, em Curitiba. Lá desenvolveu o método de educação e base familiar para salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência. Seu trabalho na pediatria e como diretora de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Paraná se destacou, e em 1980 foi convidado pelo Governo do Estado a coordenar a campanha de vacinação Sabin, que tinha como objetivo combater a epidemia de poliomielite.
Três anos depois, junto com Dom Geraldo Majela Agnello e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), deu vida a Pastoral da Criança, que se tornaria o seu projeto mais importante. A Pastoral, que também foi a realização de um sonho para Zilda, tem como missão auxiliar e promover o desenvolvimento de crianças através de noções básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania. Atuando na promoção do desenvolvimento integral de crianças entre 0 e 6 anos de idade, o projeto conseguiu, no primeiro ano, reduziu a mortalidade infantil do município de Florestópolis, Paraná.
Em pouco tempo a Pastoral da Criança mostrou a sua importância e se expandiu para outras regiões do país. O desempenho de Zilda Arns em prol das crianças fez tanto sucesso que, em 2004, a CNBB a convidou para outra missão: coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. A médica também era representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.
O sucesso do trabalho de Zilda Arns despertou também o interesse de diversos países. E foi em uma dessas missões pelo mundo, para falar sobre as atividades da Pastoral da Criança, que ocorreu um trágico acidente. No dia 12 de janeiro de 2010, Zilda Arns participava de uma missão humanitária em Porto Príncipe, no Haiti. Ela discursava em uma igreja da cidade, para cerca de 150 pessoas, quando o país foi atingido por um terremoto. A Dra. Zilda foi uma das vítimas fatais. Sua morte causou comoção no país. Centenas de pessoas, incluindo o ex-presidente Lula, compareceram ao velório no Palácio das Araucárias. No mesmo ano, sua irmã, Otília Arns, publicou a biografia “Zilda Arns: A Trajetória da Médica Missionária” para eternizar a história da pediatra.
Mesmo após a sua morte, o trabalho de Zilda Arns permanece vivo. Hoje, a Pastoral da Criança funciona em diversos estados do Brasil e atua também em outros 10 países da África, Ásia, América Latina e Caribe. O que mostra que a história de Zilda é exemplo em todo o mundo e que o seu trabalho nunca será esquecido.