Ato celebra o Dia Nacional do Cigano na Assembleia Legislativa da Bahia

334

O Dia Nacional do Cigano, transcorrido nesta segunda-feira, 24 de maio, foi registrado na Assembleia Legislativa da Bahia em ato comemorativo proposto pelo líder do Partido dos Trabalhadores na Casa, deputado Osni Cardoso. A solenidade foi realizada por videoconferência e celebrou a contribuição da etnia cigana na formação das histórias e identidades culturais brasileira e baiana, além de discutir políticas públicas de integração destes povos.

“O 24 de maio foi instituído no Brasil pelo presidente Lula e, para nós, reconhecer este dia é fundamental. Sou filho de uma comunidade chamada Bela Vista, do município de Serrinha, onde conheci muita gente cigana e tive a experiência de meu pai ter sido amigo de diversos ciganos. É uma honra poder trazer esse evento aqui para a Assembleia e dialogar com estes povos, porque sei o tanto que meu pai admirava estes homens guerreiros e mulheres lutadoras, e convivi muito com a cultura cigana, suas tradições e adversidades. Portanto, fazer esse encontro é também uma realização pessoal”, destacou o líder do PT na Alba, deputado Osni Cardoso.

A doutora em História Social e militante da Secretaria Estadual de Combate ao Racismo do PT Bahia, Cassi Coutinho, contextualizou a chegada do povo cigano ao Brasil até os dias atuais, além do preconceito histórico enfrentado por esta comunidade. “Quando o presidente Lula institui o Dia Nacional do Cigano e reconhece a contribuição dessa etnia não só na história, mas na identidade do povo brasileiro, é de extrema importância porque traz para o nosso país um momento de reflexão sobre esse povo que vem sendo perseguido ao longo dos anos não só no Brasil, mas até fora do país”, afirmou Cassi.

A historiadora acrescentou que os povos ciganos tiveram origem na Índia e saíram por todo o mundo em busca de melhores condições de vida. Ela explicou que, segundo registros, a chegada do primeiro cigano ao Brasil ocorreu entre os anos de 1562 e 1574, e na Bahia no ano de 1718. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011, o Estado baiano era o segundo maior com concentração de ciganos no país, perdendo apenas para Minas Gerais. “Hoje a gente estima que tenha em torno de 80 mil ciganos no país. Quando a gente fala de ciganos, é interessante a gente falar que não é um povo único. Porque existe uma padronização e a gente imagina que cigano é aquela figura única de mulheres que se vestem com vestidos e homens que tocam ao redor de fogueiras. Eles se dividem entre as etnias Rom, Sinti e Calon, e tem diferenças não só religiosas, mas linguísticas, de costumes, de culinária, sociais, entre outras. O povo cigano é variado, é diferente, e o que os une é a sua identidade”, acrescentou Cassi Coutinho.

O vereador de Ribeira do Pombal, Athaíde Cigano, denunciou as necessidades enfrentadas pelos povos ciganos na Bahia, sobretudo em meio à pandemia da Covid-19. O vereador relatou que muitas famílias vêm convivendo de perto com a fome e lamentou a ausência dos ciganos entre os grupos prioritários no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

As políticas públicas para os ciganos e a importância do Dia do Cigano como processo de autoafirmação foram defendidas por Lêda Oliveira Cruz, membro da Associação Internacional Maylê Sara Kalí (AMSK/Brasil). Para ela, o decreto que instituiu o Dia do Cigano no país representou um marco e o reconhecimento de uma população. “Somos seres humanos que temos necessidades e os avanços das políticas públicas para nós aqui no Brasil começou em 2001, após uma conferência mundial na África contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e formas correlatas de intolerância, e com isso nós começamos a ter avanços nesse país”, lembrou. Lêda Oliveira também ressaltou que, no ano 1988, o cigano conseguiu ser incluso na Constituição Federal e foi reconhecido como as minorias étnicas.

A importância do cigano na política foi pontuada na fala do ex-vereador de Medeiros Neto, Diran Cigano. Ele lembrou a sua trajetória como parlamentar e os preconceitos enfrentados por ser de etnia cigana. “Acredito que muitos no meu lugar, naquele momento, teriam desistido. Mas, eu aceitei isso como um desafio e consegui, através de muita luta, subi no palanque como vereador e pude ajudar meus irmãos ciganos e lutar por justiça e igualdade. Isso foi motivo de orgulho para mim, e reafirmo que nós ciganos temos nossos direitos porque todos somos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”, observou Diran Cigano.

Para completar o dia de comemorações, a Bancada do PT na Alba, no programa semanal Minuto da Democracia, debateu sobre a temática cigana através de um bate papo mediado pelo líder, Deputado Osni Cardoso, com a presença de Athaíde Cigano, Cassi Coutinho e o deputado estadual Bira Corôa.

Ascom PT na Alba