Alba recebe MST e sedia ato em memória aos mártires do massacre de Eldorado dos Carajás

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Entoando refrãos que marcam a luta campesina, centenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais de toda a Bahia lotaram as instalações do auditório Jorge Calmon nesta segunda-feira (17), na Assembleia Legislativa, para participar do ato em memória aos Mártires do Massacre de Eldorado dos Carajás – quando 19 trabalhadores, em luta por reforma agrária, foram assassinados no Sudeste do Pará, em 17 de abril de 1996.

O evento, promovido pela líder do Partido dos Trabalhadores na Casa, deputada Fátima Nunes, integrou a programação da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que este ano traz como lema “Contra a Fome e a Escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente”. A Jornada inclui atividades como marchas, assembleias e outros atos políticos pelos diferentes estados do país.

“Precisamos cada vez mais fortalecer ações em defesa da vida, e o MST é um dos movimentos que tem lutado muito para garantir a partilha da terra, a produção do alimento e uma vida justa e digna para todos”, afirmou Fátima Nunes. A líder petista também destacou a data do massacre do Eldorado dos Carajás como importante para a luta da democracia brasileira, e o primeiro grande momento de popularização da questão agrária no país.

Representando o governador Jerônimo Rodrigues, estiveram presentes os secretários estaduais Fabya Reis (Assistência e Desenvolvimento Social), Felipe Freitas (Justiça e Direitos Humanos) e Osni Cardoso (Desenvolvimento Rural), além de Jeandro Ribeiro, da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

“Quero saudar a deputada Fátima Nunes pela coragem em realizar esse ato aqui na Assembleia e por ter lado. O lado que luta pela justiça social em nosso país e o que se coloca na vida daqueles homens e mulheres de Eldorado dos Carajás. Para gente aqui é muito caro a vida de cada companheiro e companheira que marchou e caminhou para dizer que este é o maior movimento da América Latina. Nós não temos nada a esconder, e aqueles que querem erguer CPI aqui nesta Casa, saibam que a nossa vida é um livro aberto”, disparou a secretária Fabya Reis.

Para o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Borges, o mês de abril sempre será o “Abril Vermelho”, período em que a classe trabalhadora, conduzida pelo MST, realiza ocupações de seus espaços para que a reforma agrária, de fato, aconteça. “Precisamos trazer a credibilidade do Incra como o órgão responsável pela execução da reforma agrária. Vamos retomar as avaliações e vistorias dos imóveis rurais e, aqueles que tiverem improdutivos, levaremos para a desapropriação e criar os projetos de reforma agrária”, garantiu Carlos Borges.

A deputada Neusa Cadore destacou que receber o MST na Assembleia Legislativa é um privilégio, e o dia 17 de abril é um dia de memória, de reflexão e respeito. “Juntos, com coragem, lembramos especialmente dessa chacina vergonhosa que aconteceu no Pará, em 1996, e hoje estamos aqui de mãos dadas a esse movimento, que enfrenta as duras condições de estar na rua, dormindo mal, se alimentando mal, cuidando dos filhos em situação precária, mas fazendo história e clamando por transformações mais profundas, e que obviamente passa pela luta por reforma agrária”, afirmou Neusa.

As lutas e ações do Abril Vermelho, mês de mobilização do MST em defesa da reforma agrária e em memória aos 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, foram pautadas pelos dirigentes do MST na Bahia, Evanildo Costa e Eliane Oliveira. “Que esse mês de abril seja de ocupação de terra, de prédios públicos e de marchas, porque não existe nada mais radical do que a execução dos nossos companheiros no Pará. Não existe nada mais triste do que ver tanta gente passando fome para garantir o privilégio de meia dúzia da elite brasileira. Não existe nada mais deplorável do que ver as nossas crianças nas periferias sem escola, sem saúde e sem teto para morar. Enquanto existir gente sem moradia, nós vamos ocupar as terras para fazer reforma agrária neste país”, rechaçou Evanildo.

“Há 27 anos tentaram silenciar e acabar com o Movimento Sem Terra no Brasil, mas hoje o MST é o movimento camponês que mais lutou e resistiu bravamente. Nesse dia quero ressaltar que o MST está presente nas várias capitais de nosso país, e nós viemos hoje até a capital baiana para poder estar aqui na Assembleia Legislativa memorando os mártires de Eldorado dos Carajás”, acrescentou Eliane.

Ascom PT na Alba